sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A saudade

Quando da nossa estadia em Angola, uma das coisas com que nos debatemos, foi a saudade. Saudade da família, da namorada, dos amigos e da nossa terra, que por mais pequenina que seja é sempre única,pois é nessa terra que estão os carinhos, os sonhos,a alegria da nossa meninice e da nossa juventude etc. e tal.
No meu caso, depois de regressar de Angola emigrei para a Alemanha e neste particular nada mudou. A saudade tem sido uma companheira permanente, a prová-lo este meu poema, em décimas glosadas.
Espero que gostem.

Ao Fundo no Horizonte

Mote

Ao fundo no horizonte
Só um sobreiro pasmado
Nem um ruído de fonte
Nem um chocalho de gado

Francisco Bugalho em figuras e costumes do Alentejo. O Ganhão

Glosa

Ao recordar a criança
Que fui em tempos passados
É não deixar olvidados
Carinhos e esperança.
Pois mantenho na lembrança
A água pura da fonte
O rosmanhinho do monte
O sol e a lua cheia
Que dão luz à minha aldeia
Ao fundo no horizonte.

O cantar dos rouxinóis
O voar das andorinhas
São como saudades minhas
Num campo de girassóis.
São luz de muitos faróis
Rumo do tempo passado
Que eu guardo a meu lado
Como troféu da saudade.
A olhar minha "cidade"
Só um sobreiro pasmado.

No campo do pensamento
Onde a distância falece
Este meu amor parece
Talhado p'ró casamento.
Pois me reserva o assento
Em sonhos aqui defronte
Com o rosmanhinho do monte
Perfumado e verdinho.
No silêncio do caminho
Nem um ruído de fonte.

Por veredas e atalhos
Meu pensamento passeia
Pelas ruas da aldeia
Por ex-locais de trabalho.
Aqui choro, ali me ralho
Além me vejo apoucado
Mas sinto em todo o lado
Silencioso desejo.
Nem sequer o som dum beijo
Nem um chocalho de gado.

José Diogo Júnior

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