quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Homem da Coxa

Em dia, provavelmente de festa, o Varela terá feito frango assado para a messe de sargentos, onde a comida era servida já no prato. O Ataíde estava a distribuir os pratos e entrega uma asa de frango a um dos furriéis. Sem ninguém esperar, o homem exalta-se, levanta-se da mesa, devolve a asa e diz bem alto:
- Já sabes que eu só como coxas!
O 1º sargento, sentado na ponta da mesa, e que se assumia como “pai de família”, achou ter havido desrespeito e vá de fazer uma participação. O Capitão Taxa Araújo despachou para eu elaborar o respectivo auto de averiguações. Embora achasse ridículo um auto de averiguações por causa de uma coxa, e ainda por cima de um bípede masculino e com penas, lá fui ler o Regimento de Disciplina Militar, ouvir o faltoso e as testemunhas. Uma grande chatice, como é evidente.
Concluí o auto alegando não ter encontrado nenhuma infracção ao citado Regimento de Disciplina, e fiquei a aguardar como é que o capitão ia descalçar esta bota sem desautorizar o 1º sargento.
Passado algum tempo e diante da formatura geral foi anunciada a sentença, que tento resumir: Tendo em conta que me nasceu mais uma filha ficam arquivadas todas as participações que aguardavam despacho.
Com esta decisão não foi desautorizado o 1º sargento, safou-se o furriel Sá Oliveira, o brasileiro, e safei-me eu, que queria ficar bem com as partes. Na altura pensei que possivelmente ninguém no mundo tinha dedicado mais de vinte páginas a uma coxa de frango. Um autêntico recorde digno do Guinness!

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