quinta-feira, 28 de março de 2013

Intervalo - ALMOÇO ANUAL

Tenho tirado estes dias de intervalo na História da Unidade, que em breve retomarei. Mas aproveito para anunciar o almoço anual, de acordo com a "convocatória" que hoje recebi do camarada organizador, o José da Costa Ferreira Gonçalves, o "Braga".

ALMOÇO CONVÍVIO ANUAL DA CCAV 2692
Braga - 25 de Maio de 2013

PROGRAMA
10h00 - Concentração no Parque da Ponte, junto ao Estádio 1º de Maio
11h00 - Visita ao Parque
11h30 - Missa na Capela de São João
13h00 - Concentração no Restaurante Quinta da Fonte, para o almoço convívio

PREÇO
€ 32,50 por pessoa
(Crianças dos 01 aos 05 anos é grátis, dos 06 aos 12 anos pagam 50%)

O José Gonçalves informa que, além dos aperitivos e "aditivos" habituais, a ementa assenta em dois pratos principais, o Bacalhau à Braga e a Vitela. Pede ainda que, para que seja proporcionado um bom serviço de restauração, se necessitar de uma alimentação diferenciada, informe no ato de inscrição o prato alternativo pretendido.

Por uma questão de logística, o José Gonçalves pede que se confirme a presença com a possível brevidade para os contactos que constam da "convocatória" que está a ser endereçada a todos os camaradas (a brevidade é sobretudo pela necessidade de reserva da quantidade de brindes a entregar aos participantes).

E, como vinha na "convocatória"... SUS! A ELES!


domingo, 24 de março de 2013

HISTÓRIA DO BCAV 2909



BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(02.0017)

SITUAÇÃO GERAL (continuação)

INIMIGO

CONCLUSÕES

POPULAÇÃO CIVIL

 Aspecto económico

Dadas as características específicas do solo e as condições meteorológicas que o afectam, a economia da região tem feição exclusivamente agrícola e a sua exploração tem sido quase totalmente dirigida para a produção de café.
Antes dos acontecimentos havia na região numerosas e florescentes fazendas ou roças de café que foram, na sua quase totalidade, devastadas por acções terroristas. Posteriormente essas fazendas têm vindo a ser recuperadas e ocupadas.
Actualmente as Fazendas ocupadas são as seguintes:

Região de Mucondo:
Fazenda Santa Eulália (1431.0807)
Fazenda Caiado (1436.0817)
Fazenda São Paulo (1438.0815)
Fazenda Bombo (1431.0813)
Fazenda Boavista (1434.0814)
Fazenda Maria Amália (1428.0812)
Fazenda Sande (1430.0816)
Fazenda Daladiata (1436.0814)
Fazenda Aurora (143050.080625)

Região de Cambamba:
Fazenda Granja Administrativa (1445.0810)
Fazenda Valparaíso (1447.0811)
Fazenda Bela Vista (1446.0809)

O florescente comércio existente antes de Março de 1961, que vivia não só da venda de artigos à população mas, principalmente, da compra de café produzido pelos nativos, está reduzido a duas casas comerciais em Santa Eulália, duas em Cambamba e uma no Quicunzo (Maria Amália).

A alimentação dos africanos não apresentados que vivem na mata é constituída por milho, feijão, mandioca, caça e pesca.

Aspecto político

Os partidos dominantes na ZA do Subs-sector “ZBA” são a FNLA e o MPLA.
A FNLA domina todo o Sub-sector com excepção do canto SW, dominado pelo MPLA (A/IRM), cujo limite E se pode considerar o rio Bóqui.

Aspecto administrativo

Zemba e Mucondo dependem, sob o ponto de vista administrativo, do concelho de Nambuangongo, havendo um administrador de posto no Quicunzo.
Cambamba é sede de posto administrativo, dependente da administração do concelho de Quitexe.

(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

CONTINUA)

domingo, 10 de março de 2013

HISTÓRIA DO BCAV 2909



BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(02.0016)

SITUAÇÃO GERAL (continuação)

INIMIGO

CONCLUSÕES

POPULAÇÃO CIVIL

 Aspecto humano

- População
A população existente na ZA resume-se ao núcleo já indicado quando se tratou das povoações.

- Grupos étnicos
Europeus: A população branca está reduzida aos comerciantes e funcionários das Fazendas de café já recuperadas.
Africanos: Neste momento apenas existem populações apresentadas em Cambamba (cerca de 900 indivíduos) e em Zemba (12 indivíduos).
Pode-se afirmar que de uma maneira geral a área do Sub-sector ZBA é ocupada por Luangos e Bahungos.
LUANGOS
Gozavam de fama de activos, trabalhadores e inteligentes. Entre eles não existia a escravidão, embora empregassem nos campos escravos Bahungos que compravam. Entre eles existiam excelentes carpinteiros. Os cadáveres dos chefes indígenas não desciam à tumba logo após a morte. Os ritos funerários demoravam por vezes alguns anos. O corpo era fumigado e envolvido em numerosos panos cujo volume era indicativo da estima do povo e da categoria do chefe.
Após ter sido mumificado, o cadáver era exposto em praça pública.
BAHUNGOS
Desconhece-se de onde vieram os Bahungos. Aliaram-se por diversas vezes aos portugueses para lutar contra outras tribos.
Resistiram sempre à pressão dos Baxicongos, que os pretendiam escorraçar para sul.
São bem constituídos, corajosos, coléricos e impulsivos.
Têm os olhos ovais, cabelos pretos e encarapinhados.
A base da alimentação é vegetal, constituída pelo “quipati”, feito de farinha de mandioca e de milho, acompanhada algumas vezes de carne.
Cultivam a mandioca, milho, feijão e “ginguba”.
Pescam e caçam. Estes povos foram geralmente tidos como muito atrasados em relação aos grupos étnicos vizinhos.
Consta que praticavam a antropofagia, principalmente entre os feiticeiros.
                       
- Modos de vida
A não ser a população apresentada que vive em Cambamba e trabalha nas suas “tongas” e lavras, e os elementos que vivem em Zemba e trabalhadores das fazendas, a restante vive na ilegalidade sem contacto com qualquer autoridade constituída, não tendo modos de vida definidos.
Antes dos acontecimentos de 1961, notava-se a tendência de movimento populacional do campo para a acidade.
Nas populações apresentadas o regime sucessório de todos os chefes indígenas é de natureza matriarcal: o sobrinho sucedia ao tio. Cada sanzala tem um chefe “sobeta”. Duas ou mais sanzalas constituem um povo subordinado a um “soba”.
Acima dos “sobas” há os “regedores”, os quais, juntamente com os “sobas” e “sobetas”, constituem o elo de ligação entre a massa nativa e as autoridades administrativas. A estas autoridades gentílicas compete resolverem as questões surgidas na vida quotidiana, consultando por vezes o conselho dos velhos.

- Línguas e dialectos
Os nativos apresentados e os capturados falam o “kimbundo”. Sabe-se no entanto que a maioria dos nativos refugiados nas matas fala “português” aprendido no contacto com os brancos antes dos acontecimentos de 1961. Sabe-se mais que as escolas que funcionam nas matas são em “português”.

- Religiões, crenças e seitas
Duma maneira geral todo o nativo é tradicionalmente religioso e crente.
Antes dos acontecimentos de 1961 quase toda a população professava mais ou menos a religião católica ou protestante conforme a religião das Missões que ficavam mais perto dos locais em que vivia.
Deste facto resultou a existência de uma maior percentagem de indivíduos que seguiam a religião protestante, percentagem que ainda hoje se mantém entre as populações que vivem nas matas.
O IN dá muita importância às práticas religiosas, delas se servindo como arma de acção psicológica junto das populações que domina ou apoia, com vista a que estas suportem com resignação a situação miserável em que vivem e mantenham vivo o fogo sagrado de uma hipotética independência.

(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

CONTINUA)

sábado, 2 de março de 2013

HISTÓRIA DO BCAV 2909



BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(02.0015)

SITUAÇÃO GERAL (continuação)

INIMIGO

CONCLUSÕES

POPULAÇÃO CIVIL

 Aspecto histórico

O povoamento das regiões dos rios Luica e Suége fez-se por migração natural a partir da região dos Dembos.
Os povos dos Dembos, dada a sua maneira de ser, orgulhosa e rebelde, foram sempre avessos à aceitação da autoridade portuguesa, resultando daí que a fixação dos colonos brancos nesta região fosse tardia e bastante difícil. Esta tradicional rebeldia originou várias acções militares com vista à pacificação dos Dembos.
Em 1872 rebenta a grande revolta dos Dembos na qual só os Dembos de Nambuangongo e Ambuila não tomaram parte. O Dembo de Caenda, secundado pelos de Canzuangongo e N’Gombe Amuquiama, nosso aliado durante sete anos, foi a alma da rebelião, e desde então até à pacificação em 1918 foi sempre o mais indómito de todos.
Esta revolta foi motivada por abusos cometidos pelos brancos na cobrança do imposto. O europeu Augusto Archer da Silva, proprietário de uma roça, foi massacrado com a família. Para punir os rebeldes inicia-se então a primeira grande campanha dos Dembos. O Governador Ponte da Horta envia uma coluna composta de 40 praças de primeira linha e 200 de segunda linha. Após os primeiros embates com os indígenas verificou-se serem necessários reforços de Luanda para se prosseguir na luta.
Passados cinco meses do início da campanha os rebeldes são finalmente submetidos por forças já bastante superiores: 16 oficiais, 600 praças, e 2 peças de artilharia.
Porém a rendição foi condicional. O Governador deveria expulsar 3 brancos da região a quem os indígenas se referiam nestes termos:
“Homens estes que vivem aqui só para extorquir quanto podem, aos povos”.
A segunda campanha dos Dembos inicia-se em 1907 sob comando de João de Almeida que, actuando só ao sul do rio Dange, conseguiu submeter e pacificar a região em Novembro de 1907.
Embora a acção de João de Almeida se tivesse dado a sul do rio Dange, o efeito dos seus resultados estendeu-se às regiões vizinhas criando condições que permitiram a fixação de brancos tanto no comércio como em exploração agrícola e mineira.
Apesar destas acções a pacificação dos negros continuava ainda longe. O chefe da missão dos Dembos, Padre Miranda de Magalhães, escrevia, em 1917, para a Metrópole: “Os Dembos continuam na mesma, quer dizer, na sua tradicional insubmissão”. Só em 1918 o capitão Eugénio Ribeiro de Almeida, com 99 soldados indígenas (Cuamatos e Landins) e 100 carregadores, invade as terras de Canzuangongo, alcançando de surpresa o Muando, semeando o terror por onde quer que passasse. Cuamatos e Landins arrasaram ferozmente as terras dos Dembos. Estes, cansados de lutar, dizimados e enfraquecidos pela doença do sono, foram submetidos um a um.
Os Dembos podiam-se considerar finalmente pacificados, tendo Ribeiro de Almeida sido considerado “o dominador dos Dembos”.
Embora submetidos, o espírito rebelde manteve-se latente nestes povos que aderiram, desde a primeira hora, à subversão e terrorismo que, em 1961, ensanguentou o norte de Angola.

(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

CONTINUA)