quarta-feira, 26 de setembro de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909


BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(01.0008)

DESLOCAMENTO DO BATALHÃO PARA A ZA

Pelas 05h30 de 28 de Abril de 1970 o Batalhão, em viaturas civis e constituindo um agrupamento de marcha, articulado em quatro unidades de marcha, correspondentes respectivamente à CCAV 2690, CCS, CCAV 2692 e CCAV 2691, iniciou o seu deslocamento para o Sub Sector ZBA/AM 1 pelo itinerário:
                                                                                
GRAFANIL – CAXITO – ÚCUA – PONTE DO DANGE,
daqui dividindo-se uma coluna para                                                                                   MUCONDO – STA. EULÁLIA - ZEMBA,
outra coluna para
VISTA ALEGRE – CAMBAMBA

Tendo a CCAV 2691, ao atingir-se o cruzamento para o Mucondo, irradiado para Cambamba, onde chegou pelas 19h00, enquanto o restante da força prosseguiu para o Mucondo, que foi atingido pelas 15h10 e onde ficou a CCAV2692.
A CCS e a CCAV 2690 que se destinavam a Zemba atingiram Sta. Eulália pelas 17h30 donde, após contacto do CMD/AM1, partem pelas 18h20, só vindo a chegar ao local de destino às 14h15 do dia 29 de Abril ou seja, na tarde do dia seguinte.
E a partir de 29 de Abril de 1970 o BCAV 2909 ficou sedeado no Sub Sector ZBA com o CMD, CCS e Companhias instaladas respectivamente em:
            CMD, CCS e CCAV 2690 ………………………………..  ZEMBA
            CCAV 2692  ……………………………………………….  CAMBAMBA
            CCAV 2692  ……………………………………………….  MUCONDO
só vindo contudo a assumir a responsabilidade da ZA a partir das 04h00 do dia 1 de Maio de 1970.
Do decorrer do deslocamento ressaltam dois acontecimentos que pelo seu significado e características devem ter marcado os homens do Batalhão e com certeza acompanharão sempre a lembrança dos que os viveram.
Um, a Missa Campal que foi celebrada no cruzamento para a fazenda MARIA ALICE, a 6 km para além do SASSA e portanto já em itinerário condicionado, como uma invocação do Divino à entrada na zona de guerra para aluta sem tréguas que daremos aos inimigos da Pátria, não com o vão espírito de destruição mas para que a Paz volte à Terra Portuguesa de Angola.
(*)

Apesar de o Comando saber ser o local uma zona de esporádica actuação IN, tomaram-se os cuidados e devidas medidas de segurança que se tornavam aconselháveis.
Contudo para os então “jovens maçaricos” que tomavam o primeiro contacto com os interiores das “Áfricas misteriosas e cheias de perigos” a lembrança daquela primeira Missa a que assistiram de arma com bala na câmara e num local rodeado de mata e capim onde a sua imaginação e pouca experiência os terá levado a visionar o IN à espreita, dificilmente se lhes apagará da mente.
O outro factor a assinalar, vivido apenas pelo pessoal do CMD, CCS e CCAV 2690, também dificilmente por eles será olvidado.
Cerca de 15 minutos após se ter partido de Sta. Eulália e como que a querer pôr à prova e experimentar os nervos do pessoal, desabou uma chuva torrencial que tornou o estado da picada de tal forma intransitável que, apesar de todos os esforços empregues, as viaturas civis não conseguiram prosseguir, o que obrigou a coluna a imobilizar-se.
Montada segurança, a chuva não deixou de cair durante a noite toda, tendo de se aguardar o romper do dia e só se conseguindo pelas 09h00 prosseguir a marcha que, devido ao estado da via, decorreu entre trabalhos e canseiras até se atingir ZEMBA pelas 14h15.
Levou-se pois, desde a partida de Sta. Eulália, dezanove horas e cinquenta e cinco minutos a percorrer um trajecto que normalmente se faz em cerca de uma hora.
Não deve ser fácil aos que viveram estes momentos esquecê-los, pois se até foi a sua primeira noite passada no interior de Angola.
Para começo se bem que muito duro e contrariante não deixou de ser uma prova e experiência bastante proveitosa, pois logo de início mostra ao pessoal o género de vida ou ainda pior que o espera e a que se irá votar de alma e coração.
De referir e salientar o espírito de cordialidade e sã camaradagem com que, desde Comandante e Oficiais até Soldados, fomos acolhidos pela Unidade que íamos render.
  
(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

ANOTAÇÕES

A 28 de Abril, dia da deslocação do Grafanil para os aquartelamentos referidos no texto, dois soldados da CCav2692 escreviam nos seus diários:

"Vinda para o Mucondo, doze horas a andar em camionetas civis sem parar, pelo caminho só comemos poeira."

"Abalei do Grafanil às 05h30 para o Mucondo, quando cheguei ao Mucondo eram 17h00 e tive missa no meio do caminho dada pelo capelão do Batalhão 2909 Sus… A eles."

(*) Foto cedida pelo Dr. Joaquim Duarte Silva, filho do Comandante; a data e o local não são conhecidas com rigor mas pode bem ter sido a missa referida no texto; de qualquer forma regista uma missa celebrada no mato.

(CONTINUA)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909


BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(01.0004)

REPARAÇÃO DE LAPSO


No "episódio" 01.0004, que inseri no blogue a 23 de Agosto passado, relatava-se a cerimónia de despedida do BCAV 2909, em Sousel.
Por lapso, não inseri uma foto de grande importância, que registava um dos pontos altos daquele acontecimento: a entrega do guião ao Comandante do Batalhão, entrega feita por seu pai.
Já corrigi o texto daquele "episódio". Cumpre-me agora reparar também aqui tal lapso.
Aqui fica a fotografia, com o meu pedido de desculpas a todos os camaradas, em particular à família do Comandante.


O General Duarte Silva entregando o guião do
Batalhão ao seu filho, Tenente-Coronel Duarte
Silva, Comandante do BCAV 2909
(foto de arquivo cedida pelo Dr. Joaquim Duarte Silva, filho do Comandante e neto do General)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909


BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(01.0007)

VIAGEM DE LISBOA A LUANDA

Iniciada a viagem e após as apresentações ao Comandante de Bandeira do navio “NIASSA”, senhor Capitão Tenente José Afonso Peres F. Wagner, foram marcados os locais de formatura e instrução e orientadas as actividades a efectuar.

A bordo, a par da continuação da instrução, reuniões prelecções e exercícios de treino de “posto de abandono”, atendeu-se também à parte recreativa, tendo-se organizado alguns jogos entre pelotões e sub-unidades e realizando-se sessões diárias de cinema. Teve ainda lugar a “Cerimónia de Passagem do Equador” e um sarau organizado pelo nosso Batalhão e em que colaboraram também alguns elementos de outras Unidades embarcadas.

No dia 22 de Abril, véspera da chegada a Luanda, foi servido um jantar de despedida a todo o pessoal. No jantar dos Oficiais falaram o Comandante das forças embarcadas, o Comandante do navio e o Comandante de Bandeira, tendo sido pelos dois últimos enaltecido o aprumo e a disciplina do pessoal durante a viagem e ainda pelo Comandante de Bandeira lida uma menção de apreço às forças embarcadas que foi publicada na Ordem de Serviço.
Na madrugada de 23 de Abril surge Luanda, onde já se encontravam o Comandante e o Adjunto do Batalhão, que se deslocaram num gasolina a bordo.

DESEMBARQUE

Pelas 09h00 do dia 23 de Abril de 1970 iniciou-se o desembarque do pessoal, que de comboio foi transportado para o Campo Militar do Grafanil, onde o Batalhão ficou instalado

CERIMÓNIA DE RECEPÇÃO

A saudação de boas vindas foi feita no Campo Militar do Grafanil, em que Sua Excelência o Comandante da Região Militar, General Ernesto Machado Soares de Oliveira e Sousa, proferiu uma patriótica alocução, à qual o Tenente Coronel de Infantaria António Adelino Antunes de Sá, Comandante do BCaç 2910, que assumira o comando das forças desembarcadas, agradeceu com a formal promessa de garantia e confiança nas tropas recém chegadas a Angola.
Seguiu-se o habitual desfile.

INSTALAÇÃO EM LUANDA

A instalação inicial teve lugar no Campo Militar do Grafanil, desde 23 a 28 de Abril, em muito precárias condições, o que se revela prejudicial como primeiro contacto do pessoal Metropolitano com a mais vasta e rica Província Ultramarina.


(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

(CONTINUA)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909 - INTERVALO

Informo que vou fazer um intervalo nesta minha colaboração no nosso blogue por aproximadamente duas semanas.
A viagem no Niassa durou 12 dias, lembram-se? Façam de contas que é o tempo desta interrupção.
Não vou de viagem no Niassa nem nada que se pareça (felizmente!), apenas tirei uns dias de descanso.
Penso voltar ao relato da HISTÓRIA DO BCAV 2909 a partir do próximo dia 17 de Setembro.
Um abraço a todos.
António Gonçalves

sábado, 1 de setembro de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909



BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(01.0006)

CERIMÓNIAS DE DESPEDIDA (Sousel, Estremoz e Lisboa)

Cerimónia de despedida em Lisboa

No dia 11 de Abril, após ter tomado a 1ª refeição, fornecida pela Manutenção Militar, e ter instalado a bagagem e ter tomado conhecimento da distribuição dos alojamentos no navio “NIASSA”, o pessoal do Batalhão integrou-se na formatura geral das forças a embarcar de que faziam também parte o pessoal do BCAÇ 2910, da CCAV 2720, da CCAÇ 2723, do DEST 2331/RAAF, do DEST INSP ALIMENTOS 2232 e do DEST INSP ÁGUAS 2235 e cujo comando foi assumido pelo 2º Comandante do BCAV 2909, Major Soares Branco.
Os Comandantes e os Oficiais Adjuntos dos Batalhões, embora presentes, não tomaram parte na formatura por embarcarem em 16 de Abril, de avião, para Luanda.
Pelas 11h00 o Exmo. Director da Arma de Cavalaria, General João Eduardo Gamarro Correia Barrento, em representação de Sua Excelência o Secretário do Exército, passou revista às tropas, tendo no final feito uma alocução em que desejou uma feliz Comissão e afirmou da certeza de que “ A SAGRADA MISSÃO DE DEFESA DO SOLO PÁTRIO” seria cumprida.
O Comandante das forças agradeceu os votos formulados e afirmou que a Missão, com o esforço de todos e se necessário com o sacrifício da própria vida, seria cumprida.
Seguiu-se o desfile com continência ao General Correia Barrento, após o que o pessoal embarcou.
Pelas 12h10 do dia 11 de Abril de 1970 o NIASSA levantava ferro e rumava em direcção a Angola.

(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

O adeus das famílias aos militares que partiam para a guerra.

A certeza da partida, a incerteza do regresso.


(CONTINUA)