BCAV 2909
HISTÓRIA DA
UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(01.0008)
DESLOCAMENTO DO BATALHÃO PARA A ZA
Pelas 05h30 de 28 de Abril
de 1970 o Batalhão, em viaturas civis e constituindo um agrupamento de marcha,
articulado em quatro unidades de marcha, correspondentes respectivamente à CCAV
2690, CCS, CCAV 2692 e CCAV 2691, iniciou o seu deslocamento para o Sub Sector
ZBA/AM 1 pelo itinerário:
daqui dividindo-se uma coluna para MUCONDO – STA. EULÁLIA - ZEMBA,
outra coluna para
VISTA ALEGRE – CAMBAMBA
Tendo a CCAV 2691, ao
atingir-se o cruzamento para o Mucondo, irradiado para Cambamba, onde chegou
pelas 19h00, enquanto o restante da força prosseguiu para o Mucondo, que foi
atingido pelas 15h10 e onde ficou a CCAV2692.
A CCS e a CCAV 2690 que se
destinavam a Zemba atingiram Sta. Eulália pelas 17h30 donde, após contacto do
CMD/AM1, partem pelas 18h20, só vindo a chegar ao local de destino às 14h15 do
dia 29 de Abril ou seja, na tarde do dia seguinte.
E a partir de 29 de Abril
de 1970 o BCAV 2909 ficou sedeado no Sub Sector ZBA com o CMD, CCS e Companhias
instaladas respectivamente em:
CMD, CCS e CCAV 2690 ……………………………….. ZEMBA
CCAV 2692
………………………………………………. CAMBAMBA
CCAV 2692
………………………………………………. MUCONDO
só vindo contudo a assumir
a responsabilidade da ZA a partir das 04h00 do dia 1 de Maio de 1970.
Do decorrer do deslocamento
ressaltam dois acontecimentos que pelo seu significado e características devem
ter marcado os homens do Batalhão e com certeza acompanharão sempre a lembrança
dos que os viveram.
Um, a Missa Campal que foi
celebrada no cruzamento para a fazenda MARIA ALICE, a 6 km para além do SASSA e
portanto já em itinerário condicionado, como uma invocação do Divino à entrada
na zona de guerra para aluta sem tréguas que daremos aos inimigos da Pátria,
não com o vão espírito de destruição mas para que a Paz volte à Terra
Portuguesa de Angola.
(*)
Apesar de o Comando saber
ser o local uma zona de esporádica actuação IN, tomaram-se os cuidados e
devidas medidas de segurança que se tornavam aconselháveis.
Contudo para os então
“jovens maçaricos” que tomavam o primeiro contacto com os interiores das
“Áfricas misteriosas e cheias de perigos” a lembrança daquela primeira Missa a
que assistiram de arma com bala na câmara e num local rodeado de mata e capim
onde a sua imaginação e pouca experiência os terá levado a visionar o IN à
espreita, dificilmente se lhes apagará da mente.
O outro factor a assinalar,
vivido apenas pelo pessoal do CMD, CCS e CCAV 2690, também dificilmente por
eles será olvidado.
Cerca de 15 minutos após se
ter partido de Sta. Eulália e como que a querer pôr à prova e experimentar os
nervos do pessoal, desabou uma chuva torrencial que tornou o estado da picada
de tal forma intransitável que, apesar de todos os esforços empregues, as
viaturas civis não conseguiram prosseguir, o que obrigou a coluna a
imobilizar-se.
Montada segurança, a chuva
não deixou de cair durante a noite toda, tendo de se aguardar o romper do dia e
só se conseguindo pelas 09h00 prosseguir a marcha que, devido ao estado da via,
decorreu entre trabalhos e canseiras até se atingir ZEMBA pelas 14h15.
Levou-se pois, desde a
partida de Sta. Eulália, dezanove horas e cinquenta e cinco minutos a percorrer
um trajecto que normalmente se faz em cerca de uma hora.
Não deve ser fácil aos que
viveram estes momentos esquecê-los, pois se até foi a sua primeira noite
passada no interior de Angola.
Para começo se bem que
muito duro e contrariante não deixou de ser uma prova e experiência bastante
proveitosa, pois logo de início mostra ao pessoal o género de vida ou ainda
pior que o espera e a que se irá votar de alma e coração.
De referir e salientar o
espírito de cordialidade e sã camaradagem com que, desde Comandante e Oficiais
até Soldados, fomos acolhidos pela Unidade que íamos render.
(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo
Histórico Militar – Lisboa)
ANOTAÇÕES
A 28 de Abril, dia da deslocação do Grafanil para os aquartelamentos referidos no texto, dois soldados da CCav2692 escreviam nos seus diários:
"Vinda para o Mucondo, doze horas a andar em camionetas civis
sem parar, pelo caminho só comemos poeira."
"Abalei do Grafanil às 05h30 para
o Mucondo, quando cheguei ao Mucondo eram 17h00 e tive missa no meio do caminho
dada pelo capelão do Batalhão 2909 Sus… A eles."
(*) Foto cedida pelo Dr. Joaquim Duarte Silva, filho do Comandante; a data e o local não são conhecidas com rigor mas pode bem ter sido a missa referida no texto; de qualquer forma regista uma missa celebrada no mato.