terça-feira, 28 de agosto de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909


BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(01.0005)

CERIMÓNIAS DE DESPEDIDA (Sousel, Estremoz e Lisboa)

Cerimónia de despedida em Estremoz

No dia 9 de Abril de 1970 o BCAV 2909 aproveitou esta data não só para prestar, junto ao Monumento, a homenagem aos que tombaram ao serviço da Pátria como ainda para se despedir da cidade de Estremoz.
A recordação dos que morreram para que a Pátria continue, se bem que tenha sido uma cerimónia bastante simples, não deixou de tocar os sentimentos e coração do pessoal e dos que a ela assistiram.
Consistiu de uma formatura geral do Batalhão frente ao Monumento a que foram prestadas honras e em que foi deposta uma coroa de flores.
À cerimónia, a que estavam presentes o Comandante e Oficiais do RC 3, assistiram ainda autoridades civis, representações de várias corporações e bastante povo.
Seguidamente o Batalhão desfilou por várias artérias da cidade, acorrendo o povo que à passagem aplaudia os soldados.
No dai 10 de Abril e no RC 3 realizou-se uma formatura geral do Batalhão em que o Comandante do Regimento,, Coronel António Maria Rebelo, falou ao pessoal sobre a missão que ia cumprir, acabando por fazer votos de uma feliz comissão e mais uma vez afirmar que tinha a certeza que os soldados do BCAV 2909, pertencente ao RC 3, saberiam honrar a Arma de Cavalaria e o nome de Portugal.
À noite houve um jantar de despedida, oferecido aos Oficiais do Batalhão pelo Comandante do RC 3, a que esteve presente o presidente da Câmara Municipal de Estremoz.
Pelas 20h00, o Batalhão, a fim de seguir de comboio para Lisboa, saiu do Regimento.
Com o terno de clarins do RC 3 à frente e fazendo-se acompanhar dos cães que também seguiam para o Ultramar, desfilou pelas ruas de Estremoz, passando pelo castelo da cidade.
O povo correspondeu à homenagem e saiu para a rua, aplaudindo os soldados não só pela missão que iam desempenhar mas também pelo garbo com que desfilavam.
Após formatura no largo e avenida fronteiros à estação do caminho-de-ferro, fez-se o embarque da tropa no comboio especial que partiu de Estremoz pelas 22h50, chegando em 11 de Abril pela 0gh45 ap cais de Alcântara.

(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

(CONTINUA)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909 - Interlúdio

Olá, caros camaradas.

Sinto-me na obrigação de agradecer as amáveis palavras do Amaral e do João Vieira.
Não faço nada de mais, apenas sinto a necessidade de evocar, ainda que parcelarmente, porque restringido ao BCav 2909 e também porque apenas assente num ainda que importante mas único documento do então Tenente-Coronel Duarte Silva, nosso Comandante de Batalhão, apenas sinto necessidade de registar nestas formas de comunicação universal, alguns aspectos da história de Portugal.
Para que não caiam no esquecimento.
Porque certamente terá sido essa a ideia do Comandante quando ofereceu o documento ao Arquivo Histórico Militar: aí, ficaria para as gerações vindouras, seja qual for o seu julgamento, melhor dizendo, sejam quais forem os seus julgamentos - porque há sempre várias interpretações.
Mas para que esses julgamentos surjam é necessário que venha à luz do dia a documentação dos que viveram os acontecimentos. E, neste caso, o dossiê em questão é extremamente importante.
Só espero, em total respeito pelo Comandante Duarte Silva, que tal publicação desperte as memórias de todos nós, que tragam à luz novos relatos, em texto ou imagem, ou ambos, para que não nos esqueçamos do que foram os "anos sessenta e setenta" do povo português.
Não comungando de todos os termos, sinto que devo respeitar os parâmetros e contextos daquela época, que estão subjacentes ao documento.
O julgamento fica, como disse atrás, para todos os que o quiserem expressar.

Cerimónia de despedida em Sousel

E aproveito para inserir mais duas fotografias que, tal como a anterior, creio terem sido registadas pelo meu pai, com a sua máquina Kodak tipo "caixote" (que ainda hoje conservo), de filme formato 126, sem as potencialidades das máquinas de hoje, mas que registaram momentos, certamente de incerteza, de angústia, também para outras pessoas de afirmação, de patriotismo, conforme as convicções de cada pessoa, mas que ficaram gravadas e que também dessa forma  hoje é possível evocar.



Era esta então a grande entrada na "adrenalina" dos nossos vinte (+/-) anitos...

O meu profundo respeito (e saudade) a quem já não está (fisicamente) entre nós.

Depois deste breve interlúdio (ou complemento) irei continuar o trabalho. Interrompam quando quiserem ou considerarem oportuno.

Um abraço a todos,

António Gonçalves


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Caro Gonçalves
Tenho vindo a acompanhar o teu recente trabalho meritório de pesquisa sobre o historial do nosso BCav.2909.
Estive já para ter transnitido esta minha opinião, mas fui ficando a aguardar, tal como os outros "camaradas de armas", o desenvolvimento das notícias, bem como que alguém se fosse pronunciando, quanto mais não fosse, para não ser só um a escrever no blog.
Tal como as outras, a última notícia (23Agosto) sobre a ceromónia de despedida, em Sousel, veio relembrar-me fielmente o que sentia naquele tempo, o que vem confirmar que há coisas que não se esqueçem com o andar dos muitos anos.
Mas realmente acabou por me tocar após a visualização da foto com que a notícia termina, onde eu apareço, apesar da minha pequena estatura, em grande destaque, na 1ª. fila.
O meu incondicional apoio para que continues a ter a "pachorra" de nos ires relembrando, com estes factos concretos, do que foi a nossa vivência e passagem por terras de Angola, que, apesar de tudo, contribuiu para a nossa formação como pessoas dignas.
Continua que tens o meu aplauso. Espero que mais alguém apareça a dizer algo parecido.

Amaral

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909


BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(01.0004)

CERIMÓNIAS DE DESPEDIDA (Sousel, Estremoz e Lisboa)

Cerimónia de despedida em Sousel

No dia 21 de Março de 1970 o BCAV 2909, após, em formatura geral, na Parada do Regimento, ter recebido o estandarte, marchou em viaturas para Sousel, onde formou no largo fronteiro à igreja de Nossa Senhora da Orada, afim de ter lugar a festa de despedida.
Ladeando o altar improvisado, junto do qual estava montada uma guarda de honra, viam-se os guiões dos anteriores batalhões que tiveram por unidade mobilizadora o Regimento de Cavalaria 3.
Na assistência, além de numerosos familiares de militares, muito povo, vendo-se na tribuna de honra as mais representativas entidades e figuras da região, mormente de Évora, Estremoz e Sousel, destacando-se de entre elas não só o comandante da 3º Região Militar, General Fernando Louro de Sousa, o comandante do RC3, Coronel António Maria Rebelo, o presidente da Câmara Municipal de Estremoz, Dr. Rosado e outros, como ainda o General, na situação de reforma, Joaquim Plácido Duarte Silva, pai do comandante do Batalhão e figura muito conhecida e estimada na região, pois além de muitos anos ter servido a Região Militar de Évora de que foi General Comandante está também muito ligado à histórica vila de Sousel e ao Alentejo por laços familiares.
A missa campal foi celebrada pelo Capelão do Batalhão, Alferes Domingos Carneiro, coadjuvado pelo Capelão da Escola Prática de Artilharia, Capitão Armando Baptista da Silva e pelo Prior do Cano, tendo o Capelão da Unidade, no momento próprio, numa homilia de circunstância, enaltecido as virtudes de D. Nuno Álvares Pereira, ontem militar brioso e devoto da Virgem, hoje proclamado oficialmente Santo da Igreja e que igualmente antes da batalha dos Atoleiros ali estivera ajoelhado orando.
A finalizar apontou-o como exemplo aos militares, afirmando que seguindo o seu exemplo e aliando o querer da nossa força de vontade à confiança no Céu, pelos rogos da Senhora da Orada, a cujos pés estávamos, poderíamos agora e mais tarde cantar vitória como D. Nuno.
À comunhão algumas centenas de militares receberam o “Pão dos Fortes”, pois que conjuntamente com a festa de despedida celebrava-se neste dia a Comunhão Pascal do Batalhão.
Terminada a celebração da Ceia do Senhor o Capelão do Batalhão procedeu à bênção de quatro Imagens da Virgem de Fátima, generosamente oferecidas pelas senhoras do Movimento Nacional Feminino e que pelas mesmas foram entregues aos comandantes de Companhia.
Seguiu-se a bênção dos guiões após o que estabeleceu um silêncio profundo entre a assistência. O General Louro de Sousa levanta-se do lugar e dirige-se ao General Duarte Silva, convidando-o a fazer entrega do guião do Batalhão ao filho.
Momento grandioso, mesmo sublime, mas ao mesmo tempo esmagador. O “Velho General”, de 78 anos de idade, com passo firme, dirige-se ao filho, Comandante do Batalhão que brevemente parte para o Ultramar e das forças em parada e frente à formatura faz-lhe a entrega do guião, ouvindo-se-lhe com voz forte, mas a que não era alheia a emoção: “QUE O SAIBAS HONRAR, MEU FILHO”.

O General Duarte Silva entregando o guião do
Batalhão ao seu filho, Tenente-Coronel Duarte
Silva, Comandante do BCAV 2909
(foto de arquivo cedida pelo Dr. Joaquim Duarte Silva, filho do Comandante e neto do General)

De entre a assistência, esmagada e subjugada, irrompe uma estrondosa ovação de palmas.
Após a entrega dos guiões às Companhias, os Exmos. Comandante da 3ª RM, General Louro de Sousa, o Comandante do RC3, Coronel Rebelo, proferiram patrióticas alocuções, acabando por desejar felicidades ao Batalhão nas terras do Ultramar e manifestar confiança no cumprimento da missão.
O Comandante do Batalhão, em resposta, agradece e, no seu improviso, estabelece paralelo entre o ontem de D. Nuno e a sua táctica, com um inimigo cuja identidade e fronteiras eram conhecidas, e o hoje, em que o inimigo e frentes são imprevistas, encontrando-se ele, até, muitas vezes à retaguarda, mas que, de qualquer modo, não tinha dúvidas de que a missão seria cumprida e que essa garantia não era só dada por ele mas sim por todos os seus homens que de viva voz o afirmavam.
Lança então o seu grito de guerra em que ao seu brado "SUS" o pessoal responde numa só voz "A ELES!", ecoando o grito forte e uníssono pelas cercanias de Sousel como uma peremptória afirmação da certeza perene e indelével de que tal como Nuno Álvares Pereira, que depois de ter ajoelhado e rezado no mesmo local, lança esse grito e desbarata os castelhanos, também o BCAV 2909 procurará os inimigos da Pátria onde quer que se refugiem e os aniquilará.
Seguidamente o Batalhão com os guiões dos outros Batalhões e a fanfarra do RC3 à frente, desfila pelas ruas de Sousel, entre ovações de palmas do povo e presta no lugar de honra, continência ao General Comandante da 3ª RM que se encontrava acompanhado das entidades oficiais, tendo à sua direita o General Duarte Silva.



Acabado o desfile, o pessoal tomou lugar nas viaturas e regressou a quartéis.

(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

(CONTINUA)

terça-feira, 21 de agosto de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909

Lembram-se?
Estremoz...
Foi no Regimento de Cavalaria 3, nesta cidade, que fizemos a preparação final para o combate e foi daqui que partimos para o embarque rumo a Angola.



terça-feira, 14 de agosto de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909


BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(01.0003)

Além dos Fogos Reais normais em que o tiro instintivo foi substituído por tiro de pontaria instintiva, realizou-se também na Serra d’Ossa, com toda a segurança e cuidados necessários, tiro real de G-3 e Metralhadora, enquadrado num tema simples, que se revelou de valor excepcional, especialmente quando ao fogo se aliou o movimento do pessoal que se começou a habituar a andar com a arma carregada com bala verdadeira e a fazer fogo com ela, estando camaradas ao lado e até à sua frente.
Como alvos foram utilizados balões de cores, o que foi considerado muito útil por constituírem incentivo para o atirador.
Dentro de cada exercício procurou-se sempre e conseguiu-se que o pessoal ficasse absolutamente inteirado da sua missão e integrado na ideia geral da acção que ia realizar-se.
Os exercícios, sempre que possível, foram arbitrados, procedendo-se à respectiva crítica no final e interrompidos ou repetidos sempre que conveniente.
Afim de minorar as deficiências com que se apresentaram no Batalhão alguns dos especialistas, especialmente condutores e transmissões, foram ele no decorrer da IAO submetidos a intensa instrução.
Através dos exercícios de cooperação aero terrestre o pessoal começou a aperceber-se das diversas formas de apoio aéreo e muito especialmente das possibilidades e servidões dos meios héli, dado que até muitos deles não tinham sequer visto nenhum desses aparelhos.
Apesar do intenso e Árduo esforço exigido ao pessoal em permanente ambiente de incomodidade, este reagiu muito bem, quer fisicamente quer moralmente, sendo de salientar o grande interesse e entusiasmo manifestados que ainda mais se acentuaram com os “incidentes” criados pelo Comando, entre Companhias.
Acabada a instrução de Aperfeiçoamento Operacional todo o pessoal ficou ciente de ser ela de uma utilidade fundamental pois dentro do respectivo escalão mostrou a cada um e pô-lo face a problemas e dificuldades, de diversíssima natureza, em que muitas vezes, até, nunca pensara e que se habituou a dominar e vencer, através da experiência vivida.
Não se quer deixar de mencionar que para bem poder cumprir a sua tarefa o BCAV sempre contou com o apoio quer do RC3 quer da 3ªRM, pois não só o Regimento facultou todo o material disponível como o que não possuía foi fornecido por outras Unidades da Região, ou fora desta, mercê da intervenção do QG/3ªRM.
O tempo, como que querendo também colaborar, não fez, para a época, sentir grandemente as suas inclemências, pois não só choveu pouco como o frio não foi muito intenso.
Todos estes factos contribuíram para que acabada a IAO fosse ao BCAV2909 atribuída a mais alta classificação quanto à eficiência para o cumprimento da missão: “COMPLETAMENTE PRONTO PARA O COMBATE”.

(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

(CONTINUA)

domingo, 12 de agosto de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909


BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(01.0002)

A instrução foi dirigida e orientada por um comando cujos oficiais aliam aos conhecimentos gerais de uma já longa vida militar e experiência de operações vividas no Ultramar o que lhes permitiu efectuarem um planeamento, execução e fiscalização adequados ao fim em vista, de forma a obter o máximo rendimento.
Os Capitães do Quadro Permanente, beneficiando do estágio efectuado, quando subalternos, no Ultramar, e do estágio de actualização de contra-guerrilha ao nível Capitão, que havia pouco tempo tinham frequentado na Escola Prática de Cavalaria, facilmente se integraram e concretizaram a ideia do Comando.
O grande interesse, dedicação e entusiasmo revelados, desde o início, pelos quadros, em que a falta de experiência do pessoal miliciano é suprida pelo seu espírito de colaboração e desembaraço, cedo se transmite a todo o pessoal que suportou com estoicismo e alegria o duro esforço a que foi sujeito.
E se o nível de instrução é já muito apreciável no decorrer da instrução das especialidades, é na Semana de Campo dessa instrução que ele se começa a concretizar para atingir o nível máximo na IAO.
Na instrução de Aperfeiçoamento Operacional vive-se em ambiente de campnaha muito próximo do real, em que até o acidentado do terreno da Serra d’Ossa e a densa arborização que a cobre se assemelham em muito a algumas zonas da PU de destino, como seja a do Sub Sector que nos foi atribuído à chegada.
Todo o trabalho dum Batalhão em campanha, em todos os seus aspectos, foi posto em movimento, começando-se a cimentar os laços de ligação entre todos os seus elementos e a criar Espírito de Corpo da Unidade.
O Batalhão foi já accionado com a sua constituição orgânica própria.
Analogamente ao processado no Ultramar, nos exercícios a nível de Companhia, foi dada iniciativa aos respectivos Comandantes, que elaboraram os PAO, submetidos à apreciação e aprovação do Comando.
As Sub Unidades, além da actividade operacional, tiveram de garantir também todos os outros aspectos, especialmente o logístico.
A acção do IN figurado foi constante e o ambiente vivido foi o de permanente actividade operacional, idêntica à do Ultramar, tendo o pessoal de atender sempre, quer no estacionamento quer em qualquer movimento, à sua segurança, pois “inopinadamente” quer os estacionamentos quer o pessoal em actividade operacional ou ainda as escoltas à água, à lenha e reabastecimentos (estas últimas quando não neutralizadas) eram atacadas a qualquer hora do dia ou da noite, por forças IN das outras Companhias de acordo com ordens do Comando, dadas em envelope fechado, aos Comandantes de Companhia.
Executou-se ainda um exercício a nível de Batalhão que se revelou extraordinariamente proveitoso pois decorreu em ambiente muito análogo ao real.

(Do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

(CONTINUA)

domingo, 5 de agosto de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909


A partir de hoje, sempre que me for possível, irei transcrever partes da HISTÓRIA DO BCAV2909, com base em fotocópias que adquiri no Arquivo Histórico Militar, documento que se encontra já desclassificado de confidencialidade e que foi oferecido em 1981 àquele Arquivo pelo então General Duarte Silva, que em 1970/1972, período da nossa comissão militar em Angola, era Comandante do Batalhão, com o posto de Tenente Coronel.
Creio ser um modesto mas positivo contributo para a memória dos que – no BCav2909 ou noutras formações militares – mergulharam numa época conturbada e difícil da nosso história, que estranhamente hoje parece haver interesses que subtil mas eficazmente vão querendo apagar das lembranças dos portugueses.
Convido desde já todos quantos queiram complementar cada “episódio”, com comentários, com artigos ou com imagens, fortalecendo dessa forma o respeito pela memória dos que por lá passaram, dos que não voltaram ou vieram descapacitados, das famílias que sofreram a ausência ou perda dos seus entes queridos, de todos os que combateram numa guerra cuja justeza é avaliada de acordo com as causas que a despoletaram. É também uma homenagem a todos os que, tendo regressado, entretanto já partiram para outra dimensão.
Ainda que respeite a dualidade dessa justeza, naturalmente que o documento versa apenas o relato de quem o elaborou e subscreveu. E é também esse o respeito que me merece, pelo que o transcreverei sem qualquer alteração relevante de conteúdo, apenas eventualmente alterando a designação dos títulos e capítulos, podendo no entanto, como qualquer outra pessoa tecer os comentários que me aprouverem.


BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(01.0001)


O Batalhão de Cavalaria 2909 foi mandado organizar como Unidade de Reforço à Guarnição da Província de Angola.
Foi designado seu Comandante o Tenente Coronel de Cavalaria, Joaquim Miguel de Matos Fernandes Duarte Silva e nomeados 2º Comandante e Oficial Adjunto respectivamente o Major de Cavalaria, António de Castro Gentil Soares Branco e o Major de Cavalaria, Adão Antunes Batista

O BCAV 2909 teve por Unidade Mobilizadora o RC 3 de Estremoz e adoptou como divisa “SUS… A ELES” cujo significado e razões se mencionam em anexo.

O pessoal que constitui o BCAV, embora com predomínio de naturais da Estremadura e Alto Alentejo, é oriundo de todas as regiões da Metrópole e ainda do Ultramar, se bem que o número deste súltimos seja muito reduzido, como adiante se poderá verificar.

A EPQ teve início em 02DEZ69 apenas com a presença dos Capitães, Subalternos e Cabos Milicianos tendo terminado em 23DEZ69 já sob orientação do Comandante e Oficial Adjunto que efectuaram a sua apresentação respectivamente em 06 e 10DEZ69, só se vindo a verificar a apresentação do 2º Comandante mais tarde, em 05JAN70.
A concentração de praças afim de receberem a instrução de especialidade de Atiradores teve lugar em 04JAN70 data em que se inicia a referida instrução que terminou em 21FEV70.
O pessoal das restantes especialidades fez a sua apresentação em 22FEV70 tendo a IAO tido lugar de 02 a 21 MAR70.

(CONTINUA)