quinta-feira, 23 de agosto de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909


BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(01.0004)

CERIMÓNIAS DE DESPEDIDA (Sousel, Estremoz e Lisboa)

Cerimónia de despedida em Sousel

No dia 21 de Março de 1970 o BCAV 2909, após, em formatura geral, na Parada do Regimento, ter recebido o estandarte, marchou em viaturas para Sousel, onde formou no largo fronteiro à igreja de Nossa Senhora da Orada, afim de ter lugar a festa de despedida.
Ladeando o altar improvisado, junto do qual estava montada uma guarda de honra, viam-se os guiões dos anteriores batalhões que tiveram por unidade mobilizadora o Regimento de Cavalaria 3.
Na assistência, além de numerosos familiares de militares, muito povo, vendo-se na tribuna de honra as mais representativas entidades e figuras da região, mormente de Évora, Estremoz e Sousel, destacando-se de entre elas não só o comandante da 3º Região Militar, General Fernando Louro de Sousa, o comandante do RC3, Coronel António Maria Rebelo, o presidente da Câmara Municipal de Estremoz, Dr. Rosado e outros, como ainda o General, na situação de reforma, Joaquim Plácido Duarte Silva, pai do comandante do Batalhão e figura muito conhecida e estimada na região, pois além de muitos anos ter servido a Região Militar de Évora de que foi General Comandante está também muito ligado à histórica vila de Sousel e ao Alentejo por laços familiares.
A missa campal foi celebrada pelo Capelão do Batalhão, Alferes Domingos Carneiro, coadjuvado pelo Capelão da Escola Prática de Artilharia, Capitão Armando Baptista da Silva e pelo Prior do Cano, tendo o Capelão da Unidade, no momento próprio, numa homilia de circunstância, enaltecido as virtudes de D. Nuno Álvares Pereira, ontem militar brioso e devoto da Virgem, hoje proclamado oficialmente Santo da Igreja e que igualmente antes da batalha dos Atoleiros ali estivera ajoelhado orando.
A finalizar apontou-o como exemplo aos militares, afirmando que seguindo o seu exemplo e aliando o querer da nossa força de vontade à confiança no Céu, pelos rogos da Senhora da Orada, a cujos pés estávamos, poderíamos agora e mais tarde cantar vitória como D. Nuno.
À comunhão algumas centenas de militares receberam o “Pão dos Fortes”, pois que conjuntamente com a festa de despedida celebrava-se neste dia a Comunhão Pascal do Batalhão.
Terminada a celebração da Ceia do Senhor o Capelão do Batalhão procedeu à bênção de quatro Imagens da Virgem de Fátima, generosamente oferecidas pelas senhoras do Movimento Nacional Feminino e que pelas mesmas foram entregues aos comandantes de Companhia.
Seguiu-se a bênção dos guiões após o que estabeleceu um silêncio profundo entre a assistência. O General Louro de Sousa levanta-se do lugar e dirige-se ao General Duarte Silva, convidando-o a fazer entrega do guião do Batalhão ao filho.
Momento grandioso, mesmo sublime, mas ao mesmo tempo esmagador. O “Velho General”, de 78 anos de idade, com passo firme, dirige-se ao filho, Comandante do Batalhão que brevemente parte para o Ultramar e das forças em parada e frente à formatura faz-lhe a entrega do guião, ouvindo-se-lhe com voz forte, mas a que não era alheia a emoção: “QUE O SAIBAS HONRAR, MEU FILHO”.

O General Duarte Silva entregando o guião do
Batalhão ao seu filho, Tenente-Coronel Duarte
Silva, Comandante do BCAV 2909
(foto de arquivo cedida pelo Dr. Joaquim Duarte Silva, filho do Comandante e neto do General)

De entre a assistência, esmagada e subjugada, irrompe uma estrondosa ovação de palmas.
Após a entrega dos guiões às Companhias, os Exmos. Comandante da 3ª RM, General Louro de Sousa, o Comandante do RC3, Coronel Rebelo, proferiram patrióticas alocuções, acabando por desejar felicidades ao Batalhão nas terras do Ultramar e manifestar confiança no cumprimento da missão.
O Comandante do Batalhão, em resposta, agradece e, no seu improviso, estabelece paralelo entre o ontem de D. Nuno e a sua táctica, com um inimigo cuja identidade e fronteiras eram conhecidas, e o hoje, em que o inimigo e frentes são imprevistas, encontrando-se ele, até, muitas vezes à retaguarda, mas que, de qualquer modo, não tinha dúvidas de que a missão seria cumprida e que essa garantia não era só dada por ele mas sim por todos os seus homens que de viva voz o afirmavam.
Lança então o seu grito de guerra em que ao seu brado "SUS" o pessoal responde numa só voz "A ELES!", ecoando o grito forte e uníssono pelas cercanias de Sousel como uma peremptória afirmação da certeza perene e indelével de que tal como Nuno Álvares Pereira, que depois de ter ajoelhado e rezado no mesmo local, lança esse grito e desbarata os castelhanos, também o BCAV 2909 procurará os inimigos da Pátria onde quer que se refugiem e os aniquilará.
Seguidamente o Batalhão com os guiões dos outros Batalhões e a fanfarra do RC3 à frente, desfila pelas ruas de Sousel, entre ovações de palmas do povo e presta no lugar de honra, continência ao General Comandante da 3ª RM que se encontrava acompanhado das entidades oficiais, tendo à sua direita o General Duarte Silva.



Acabado o desfile, o pessoal tomou lugar nas viaturas e regressou a quartéis.

(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

(CONTINUA)

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