sábado, 2 de março de 2013

HISTÓRIA DO BCAV 2909



BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(02.0015)

SITUAÇÃO GERAL (continuação)

INIMIGO

CONCLUSÕES

POPULAÇÃO CIVIL

 Aspecto histórico

O povoamento das regiões dos rios Luica e Suége fez-se por migração natural a partir da região dos Dembos.
Os povos dos Dembos, dada a sua maneira de ser, orgulhosa e rebelde, foram sempre avessos à aceitação da autoridade portuguesa, resultando daí que a fixação dos colonos brancos nesta região fosse tardia e bastante difícil. Esta tradicional rebeldia originou várias acções militares com vista à pacificação dos Dembos.
Em 1872 rebenta a grande revolta dos Dembos na qual só os Dembos de Nambuangongo e Ambuila não tomaram parte. O Dembo de Caenda, secundado pelos de Canzuangongo e N’Gombe Amuquiama, nosso aliado durante sete anos, foi a alma da rebelião, e desde então até à pacificação em 1918 foi sempre o mais indómito de todos.
Esta revolta foi motivada por abusos cometidos pelos brancos na cobrança do imposto. O europeu Augusto Archer da Silva, proprietário de uma roça, foi massacrado com a família. Para punir os rebeldes inicia-se então a primeira grande campanha dos Dembos. O Governador Ponte da Horta envia uma coluna composta de 40 praças de primeira linha e 200 de segunda linha. Após os primeiros embates com os indígenas verificou-se serem necessários reforços de Luanda para se prosseguir na luta.
Passados cinco meses do início da campanha os rebeldes são finalmente submetidos por forças já bastante superiores: 16 oficiais, 600 praças, e 2 peças de artilharia.
Porém a rendição foi condicional. O Governador deveria expulsar 3 brancos da região a quem os indígenas se referiam nestes termos:
“Homens estes que vivem aqui só para extorquir quanto podem, aos povos”.
A segunda campanha dos Dembos inicia-se em 1907 sob comando de João de Almeida que, actuando só ao sul do rio Dange, conseguiu submeter e pacificar a região em Novembro de 1907.
Embora a acção de João de Almeida se tivesse dado a sul do rio Dange, o efeito dos seus resultados estendeu-se às regiões vizinhas criando condições que permitiram a fixação de brancos tanto no comércio como em exploração agrícola e mineira.
Apesar destas acções a pacificação dos negros continuava ainda longe. O chefe da missão dos Dembos, Padre Miranda de Magalhães, escrevia, em 1917, para a Metrópole: “Os Dembos continuam na mesma, quer dizer, na sua tradicional insubmissão”. Só em 1918 o capitão Eugénio Ribeiro de Almeida, com 99 soldados indígenas (Cuamatos e Landins) e 100 carregadores, invade as terras de Canzuangongo, alcançando de surpresa o Muando, semeando o terror por onde quer que passasse. Cuamatos e Landins arrasaram ferozmente as terras dos Dembos. Estes, cansados de lutar, dizimados e enfraquecidos pela doença do sono, foram submetidos um a um.
Os Dembos podiam-se considerar finalmente pacificados, tendo Ribeiro de Almeida sido considerado “o dominador dos Dembos”.
Embora submetidos, o espírito rebelde manteve-se latente nestes povos que aderiram, desde a primeira hora, à subversão e terrorismo que, em 1961, ensanguentou o norte de Angola.

(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

CONTINUA)

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