quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A Companhia estava bem servida de “ meios auto”. Que me lembre haveria uns quatro ou cinco unimogs a gasóleo, um ou dois a gasolina, uma berliet e uma GMC, velha que se farta. Todas as semanas era preciso executar duas tarefas rotineiras: ir a Santa Eulália, sede do sector, buscar correio e os mantimentos, e ir à lenha. Os pelotões revezavam-se nestes dois trabalhos sendo que ir a Santa Eulália significava “comer” sessenta kilómetros de pó, aos pulos, pela picada fora ou, no tempo de chuvas, ultrapassar as poças e os buracos deixados pela passagem anterior. A organização da coluna era semelhante à das colunas a pé: as secções alternavam nos carros da frente e de trás. Nunca saíamos com menos de quatro unimogs, a mais das vezes cinco. Viajei sempre no mesmo lugar: no terceiro unimog, atrás do condutor, com o transmissões, o enfermeiro, o pomposo guarda-costas e mais alguns das secções. Apenas uma vez apanhámos um enorme susto, quando num percurso que não recordo entre que pontos seriam mas que não era um dos habituais, o unimog que seguia na minha frente, sem o vermos no meio de uma enorme poeirada, deixou de a fazer porque se despistou atirando com todos os seus ocupantes para o cafezal. Felizmente apenas houve um desgraçado que se magoou num braço. Outra situação interessantíssima nas colunas foi verificar que há sempre gente desenrascada com soluções para tudo: Ficámos várias vezes atascados ou impossibilitados de andar para a frente por qualquer razão (um furo num pneu que prolongou a nossa viagem para mais umas seis horas ou uma enorme árvore caída no meio da picada). O meu método foi sempre o mesmo: - Ver como as ideias nascem para solucionar o problema. Dei-me sempre bem. E lembro-me de ficar espantadíssimo com a capacidade de desenrasca do pessoal atascado que, com piada aqui, palavrão acolá, muita risada conseguiram sempre solucionar a pane, tirar o enorme tronco, fazer com que a pesadíssima berliet ultrapassasse o buraco de lama onde se tinha atascado. Tenho pena de não lembrar o nome de nenhum dos “artistas” porque, naturalmente eram quase sempre os mesmos que se ocupavam destas tarefas. Em todo o caso muito os admirei!

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