quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ainda tenho umas histórias para contar mas agora mesmo, percorrendo o papel onde assentei os tópicos das que me vieram imediatamente à memória quando dei conta deste blog, lembrei-me de uma que é tão inverosímil que quase me custa a acreditar, eu que fui seu protagonista e “vejo” na minha frente o trilho onde a historieta se passou. Passou-se quando já éramos veteranos encartados em que a mata já só representava incómodo, cansaço e noites difíceis de passar. O medo do início estava já muito esbatido. Nós éramos os reis da selva quando andávamos em sítios já por nós conhecidos. Foi o caso de uma operação qualquer, seguindo um trilho bastante bom (ser bastante bom era não ter de o abrir à catanada) em fila indiana, com boa passada e mais ou menos em silêncio. Ia no meu lugar habitual (entre o sete e o nove) e a certa altura vejo que estavam a passar uma palavra da frente para trás. Quando chegou a minha vez o soldado que seguia à minha frente e de que não lembro o nome diz-me imperturbável: - cobra à direita! E eu, virando-me para trás passei, imperturbavelmente palavra: - cobra à direita! E depois, displicentemente, como todos os que iam na operação fizeram, olhei à direita e vi, toda enrolada, uma enorme cobra mesmo à beira do trilho. Ainda hoje me espanto porque estou seguro que todos sabiam sobre cobras o mesmo que eu: que com facilidade engoliam massas vivas enormes. Seria daquela espécie a cobra que achei tanta graça conhecer na mata? Não faço a mínima ideia!

Sem comentários:

Enviar um comentário