sábado, 25 de dezembro de 2010

Ó sino da minha aldeia

Ó sino da minha aldeia
Dolente na tarde calma
Cada tua badalada
Soa dentro de minh'alma

Mote de Fernando Pessoa

Glosa

Hoje é dia de Natal
E embora esteja feliz
Em meu peito algo me diz
O que eu já sei afinal.
É lá longe em Portugal
Que minh'alma passeia
De saudade já tão cheia
E tão despida, tão nua
Que mais me parece a tua
Ó sino da minha aldeia.

No sossego do montado
Onde é rei o alecrim
Ninguém se lembra de mim
Como aqui és tu lembrado.
Por muito ser procurado
Nas entranhas de minh'alma
O teu som ainda acalma
E cura a minha tristeza
Trazendo a tua beleza
Dolente na tarde calma.

Vejo ao longe o horizonte
Onde o céu a terra beija
E esta saudade deseja
Cheirar as urzes do monte
Beber água na tua fonte
Ver no alto levantada
A tua torre tão amada
Como a boa sentinela
Oiço da minha janela
Cada tua badalada.

Saudades levas-as o vento
Como palavras de amor
Como conselhos do Senhor
Nas asas do pensamento
Sem deixarem um lamento
Nem gemido que acalma
Minha oração te salma
E mostra a minha paixão
E como a tua canção
Soa dentro de minh'alma.

José Diogo Júnior

Feliz Natal e Próspero Ano Novo a todos os camaradas da ccav.2692 e suas famílias.

5 comentários:

  1. Para ti e todos os teus eu te desejo um Natal
    Feliz e bom ano de 2011.

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  2. Gosto do que escreveste.
    Desde muito novo que me habituei a gostar de poesia e sei quando estou na presença de algo que merece a pena ser lido.
    Eras um razoávelpadeiro, jogavas bem futebol e agora a poesia.
    Que mais me irá surpreender? Vou ficar à espera.
    Um abraço.

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  3. O grande António Aleixo escreveu:

    Julgam-me mui sabedor
    E é tanto o meu saber
    Que desconheço o valor
    Das quadras que sei fazer

    Eu também sou um pouco assim.
    Mas escrever é para mim uma nacessidade.
    Obrigado pelos comentários e um grande abraço.

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  4. Olá, Júnior.
    Só me surpreendeste da primeira vez que li poesia tua. Agora, passada a surpresa, é com imenso gosto e prazer que leio cada trabalho teu.
    Só podias ter sido padeiro, para conseguir saber juntar a farinha ao fermento, adicionar a pitada de sal q.b. amassar bem na água e levar ao forno à temperatura certa e no tempo devido.
    Admiro a tua sensibilidade e a tua veia poética.
    Um grande abraço,
    Gonçalves

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  5. Que tenham tido um bom Natal e que o próximo ano seja próspero ( será possível?) )Parabéns ao Junior que não fazia ideia que era poeta.

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