sábado, 4 de dezembro de 2010

A Mais Rude Escola de Guerra

Ter saído do Mucondo para Luanda foi do agrado de todos, não obstante a guerra continuar à nossa espera em zonas onde o risco era sempre elevado. Pudera! O importante era sair do mato, e passar a curtir a cidade, com tudo o que ela oferecia, tanto de dia como de noite.
Mesmo as saídas para as acções como tropa de intervenção eram vistas pelo aspecto positivo. À saída pensávamos “daqui a tantos dias estou de volta à cidade”. E quando efectivamente voltávamos de cada acção respirávamos de alívio por termos sobrevivido a mais uma operação. Era como se já tivéssemos chegado a casa.
Pois uma das saídas como tropa de intervenção foi para Zalala, que penso ficar para os lados de Carmona, actual Uíge, não muito longe aliás do nosso Mucondo. Tenho ideia de termos saído de madrugada, e ao início da tarde tivemos de parar em Samba Cajú para reabastecimento. Esgotado o combustível na bomba, ficámos bastante tempo à espera que despejassem bidões de combustível para o depósito para podermos atestar o resto das viaturas.
A certa altura deixámos a estrada principal e começámos a descer. Lá no fundo do vale surge um muro, que contornava em redondo uma alargada curva, onde estava escrito em letras impecavelmente desenhadas “ Bem-vindos a Zalala, a mais dura escola de guerra”.
A minha cabeça, que estava muito longe dali, levou com um balde de água gelada e um calafrio percorreu-me de alto a baixo. A bela cidade de Luanda e a praia da Corimba tinham realmente ficado para trás. Afinal tínhamos voltado novamente à guerra, à mais rude escola de guerra! Maldita guerra!

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