terça-feira, 31 de maio de 2011

Ida para a intervenção

A nossa passagem para a intervenção passou-se nos seguintes termos, se a minha memória está certa.
Nós todos estávamos absolutamente convencidos que se a primeira parte da comissão fosse um sucesso teríamos assegurada uma segunda parte mais ou menos pardisíaca, numa praia qualquer, com sanzalas perto. A certa altura o comandante foi chamado a Luanda e soube-se então que em vez do tal paraíso e por razões militares que desconheço, propunha-se que fossemos para a intervenção. O comandante terá respondido que tinha que "auscultar os seus homens" e para tal convocou uma reunião com todos os capitães de companhia mandando-lhes averiguar junto do pessoal o que pensavam sobre o assunto. Na nossa companhia houve unanimidade total: ninguém quiz ir para a intervenção. Foi essa a opinião que o capitão transmitiu na tal reunião. Porém todos os outros capitães se manifestaram, em nome das suas companhias, favoravelmente e portanto o nosso destino final ali ficou traçado. Lembro-me muito bem do enorme desgosto que tive quando o capitão, regressado de Zemba nos deu a "novidade". Acabou por não ser tão mau como se pensava mas em todo o caso foi nesse período que tivémos as nossas duas baixas.

A operação Crato correu muito bem e confesso que tive uma enorme alegria por trinta e tal anos depois poder tirar uma fotografia com o Justino e o Gonçalves! Eles estão iguais. Eu tenho uma barrigona, estou careca e tenho cabelos brancos! Mas pareceu que foi ontem!
Um grande abraço a todos
João Vieira

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