quarta-feira, 1 de junho de 2011

CRATO 2011! MONTEMOR-O-NOVO 2012!

Sinto-me na obrigação de manifestar o meu regozijo pela forma como decorreu o almoço anual do passado dia 28 de Maio, no Crato.
Dou os meus parabéns ao Batista, pois sei que não é nada fácil organizar um evento destes, de mais a mais sem qualquer ajuda, sobrecarregando dessa forma os familiares. Achei piada à lembrança da caneca com o emblema da Companhia e sobretudo ao "miminho" do chapéu em miniatura tricotado de modelo idêntico ao das ceifeiras. Se não estou em erro, o Batista disse que tinha sido a sua mulher a fazer os chapéus. Pois então, permitam-me que, como se costuma dizer, tire o chapéu ao trabalho dedicado da senhora.
Gostei, como é natural, de rever muitos camaradas. Mas tenho que realçar o João Vieira, o meu alferes do 3º pelotão, e o Justino, meu camarada/irmão de armas, com quem nunca mais me tinha cruzado, com grande pena minha.
Não estou muito de acordo com o Vieira. Ele não deve ter reparado bem. É que eu também estou com cabelos esbranquiçados, um pouco para o gordinho e o Justino, apesar de a tonalidade do seu cabelo estar um tanto "disfarçada" por ser alourado, nota-se que também tem uns pelinhos esbranquiçados. Não está gordo, embora já não consiga esconder uma barriguinha em crescimento. Mas "evoluídos" pela passagem dos anos estamos todos, uns mais que outros, ninguém tem já os vinte anos com que foi passar os costados pela guerra.
Momento de alguma emoção foi o da leitura, pelo (alferes) Carlos Dias de uma mensagem do (alferes) Chaves que, por estar a atravessar um momento de fragilidade na sua saúde, não esteve presente. Certamente nos reveremos no próximo ano, já completamente recuperado.
Também fiquei agradado por saber que, apesar de ainda não se decidirem a participar, há muita gente a visitar o blogue. Foi uma surpresa para mim. Agora, é só dar um passinho e passar a deitar cá para fora as recordações (que também verifiquei se vão diluindo, pensei que era só eu que já não me lembrava de muita coisa, mas é geral, os anos não perdoam e talvez o próprio organismo, numa postura de defesa, vá apagando certas memórias, porventura mais incómodas ou dolorosas).
Agora esperemos pelo próximo almoço. Que será a 26 de Maio de 2012, em Montemor-o-Novo, da responsabilidade do nosso camarada (furriel) Pinho. O tal da ferrugem. Espero sinceramente que os grelhados não sejam feitos em gasolina e que o vinho não tenha a limalha que recheava alguns jerricans de onde bebemos alguma água acastanhada pela ferrugem, nos momentos em que a sede secava tanto que éramos capazes de engolir qualquer coisa desde que fosse líquida...
Já agora permitam uma achega. Nas várias conversas trocadas, ficou evidente que a guerra não teve a mesma interpretação por cada um de nós (ou mesmo pelas famílias). Todos vemos a guerra (como qualquer outro acontecimento na vida) pelo nosso prisma. A nossa apreciação das coisas é naturalmente subjetiva, o que pode ocasionar interpretações ligeiramente diferentes. Mas é isso que é importante para o blogue. Se todos pensássemos da mesma maneira isto era uma pasmaceira. O que interessa é que contemos a verdade. A forma como a verdade aconteceu já é uma interpretação de cada um. Esta questão da forma como se passou a ida para a intervenção (e não para as praias de Sá da Bandeira, como nos prometiam - que papalvos nós éramos!!!) é um exemplo claro de que o mesmo acontecimento, verdadeiro como aconteceu, pode ter interpretações diferentes sobre a forma como decorreu, ou porque o vivemos com sentimentos diferentes, ou porque já esquecemos alguns pormenores, talvez porque desagradáveis, desses momentos tristes e cheios de desilusão. Mas também tenho vindo a verificar que, sem qualquer polémica, o assunto tem vindo a ser clarificado. E, se polémica houver em qualquer assunto, que venha ela, pois é salutar enquanto virada para o esclarecimento de qualquer assunto e desde que se respeite a dignidade de qualquer dos intervenientes, como aliás está inscrito no estatuto do blogue.

A todos (e respectivas famílias) um grande abraço.

António Gonçalves

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