segunda-feira, 8 de novembro de 2010

MILITARÃO E DIPLOMATA

As qualidades de "militão"atribuidas ao Comandante de Batalhão Ten.Cor.Duarte Silva, já foram, por diversas vezes, referidas em anteriores comentários, o que, no entanto, para nós sempre foi evidente.Recordo-me, ao fim deste tempo todo, de uma passagem ocorrida no Mucondo, aquando de uma programada "operação a nível do batalhão" com início no nosso Quartel. Na data da concentração do pessoal estava eu junto dos meus papeis a tentar conciliar o custo da "ementa" com o custo da "verba atribuida" quando o cabo mecânico Brinquete, me aborda no sentido de eu, simples Vagomestre, ir comandar o pessoal destinado a proteger quem, necessáriamente, tinha a função de pôr a trabalhar a bomba que abastecia de água o nosso quartel, ainda por cima, nessa altura com muita gente que necessitava de tomar banho. Até aqui tudo bem. Ora eu, estava vestido (como era natural dentro do quartel) de farda de terylene. Perante tal solicitude urgente, indadevertidamente, vesti o dolmen camuflado e coloquei na cabeça o "quiko" da farda de trabalho, catucheira ao cinto e G3 na mão e lá fomos.Escusado será dizer que ia mal uniformizado.Felizmente correu tudo bem. Só que quando a viatura que nos transporta regressou ao quartel constatei que na zona de estacionamento das viaturas o espaço estava cheio, que significava que o Comantante já tinha chegado, o que queria dizer, que caso ele me visse, lógicamente me chamaria a atenção, tendo dito ao pessoal que me acompanhava que dispersasse no meio de tanta gente que por alí circulava. Tal como pensei assim aconteceu, quem deu nas vistas fui eu, pois que, estando a tentar desaparecer daquele espaço, ouço aquela voz inconfundível a chamar por mim: - Amaral! Amaral!. Escusado será dizer que tive de me apresentar, tendo ouvido o seguinte: - Olhe lá ó Amaral, sabe-me dizer se já estamos no Carnaval?. A minha resposta imediata foi: - Meu Comandante , sinceramente, dado que aqui no mato os dias são todos iguais nem sei ao certo. E ele insistiu dizendo: -Mas ainda lá não chegámos?. Disse-lhe (o que havia de dizer?) que não. E então, com aquela sua maneira calma e com a "diplomacia", que, também o caracterizava, mandou-me embora dizendo: - Então se ainda não estamos no Carnaval que se "brinque" só nessa altura. Penso que nem sempre com o ditos palavrões militares se repreende um subordinado. Teria defeitos mas também tinha as suas virtudes. Para terminar digo que não me arrependo que tenha tomado a iniciativa de, depois de 18 anos, em 1990, quando organizei em Mangualde, em conjunto com o Chaves, o nosso almoço daquele ano, o ter convidado a estar presente pela 1ª vez, a que ele acedeu de imediato. Se me não engano, até vir a falecer nunca mais faltou.
Paz à sua alma.

Sem comentários:

Enviar um comentário