quinta-feira, 29 de novembro de 2012

HISTÓRIA DO BCAV 2909



BCAV 2909
HISTÓRIA DA UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(02.0005)

SITUAÇÃO GERAL (continuação)

TERRENO

NATUREZA DO SOLO
O solo é, de uma maneira geral, argiloso, com manchas lateríticas e arenoso, sendo pouco permeável à penetração das águas. Com excepção dos terrenos lateríticos já consolidados, o solo, devido à acção das chuvas, torna-se bastante lamacento e escorregadio, principalmente nas zonas mais baixas ou naquelas em que não há escoamento para as águas. Torna-se muito perigosa a condução de viaturas nas picadas, mesmo com a utilização indispensável de correntes anti-derrapantes para as viaturas pesadas.

ALTERAÇÕES RESULTANTES DA ACÇÃO DO HOMEM

Comunicações
Com excepção de um troço de cinco quilómetros asfaltado – rampa do Luica – todos os itinerários são de terra batida e bastante primitivos, tornando-se na época das chuvas um grande problema para as deslocações.
Analisando sob este aspecto, cada uma das ZA das Companhias Operacionais, podemos considerar:
Região de Zemba
Zemba – Santa Eulália: picada fundamental, quer no aspecto operacional quer no aspecto logístico. Na época das chuvas apresenta dificuldades a viaturas pesadas em alguns troços de picada. Tem sido aconselhável a não utilização de viaturas pesadas Berliet, naquela época. Esta picada tem como pontos críticos os três pontões sobre o rio Lifune, a rampa a NW da fazenda São João e algumas regiões onde, por correr dentro da mata, na época do cacimbo o sol não a chega a secar. Os pontões têm necessidade de ser reparados, definitivamente, por pessoal técnico, a fim de evitar que Zemba se veja, de um momento para o outro, na contingência de ficar isolada. A rampa pode ser arranjada com o meios do Batalhão durante o cacimbo, mas enquanto a sua drenagem não se fizer em boas condições logo que chova é uma causa de preocupações. Há necessidade de anualmente se desmatar os lados da picada de maneira a que o sol seque o pavimento. Durante as chuvas é indispensável manter as bermas desimpedidas.
Desvio para José Luis de Sá: É pouco acidentado e apresenta como principal obstáculo à progressão um pontão que no tempo das chuvas fica inutilizado. Em alguns locais esta picada atravessa matas bastante cerradas. É uma picada táctica que uma vez reaberta e feita a ligação a Quipedro permite levar as NT às regiões de Quindembe, Zambache ou Muhombo em pouco tempo e frescas.
Picada Zemba – Quixinda – Cambamba: a importância desta picada ´muito grande tanto no aspecto táctico como na ligação do Comando do Batalhão com a Companhia de Cambamba. Corta a ligação  entre as regiões do Muhombo e do Mufuque e é a partir dela que se podem com mais facilidade lançar Forças para qualquer uma destas regiões. Quanto à ligação, basta ver a diferença entre os dois percursos a fazer. Enquanto que este é de cerca de 33 quilómetros, o itinerário Zemba – Santa Eulália – Mucondo Ponte do Dange – Vista Alegre – Cambamba é de cerca de 120 quilómetros. Na época das chuvas a picada torna-se em algumas regiões muito difícil, especialmente na subida a seguir ao Suége (144050.080755). Considera-se de absoluta necessidade a reparação deste itinerário. Quando se efectuar a sua união com uma antiga picada da Roça António Simões de Almeida o percurso Zemba – Cambamba encurtará de 11 quilómetros. Há ainda a considerar picadas de tonga como a de Santa Eulália ou antigas picadas que embora não estejam transitáveis a viaturas são óptimas para os deslocamentos apeados além de serem boas referências.
Região de Mucondo
O principal itinerário da ZBA e que constitui parte do itinerário principal atravessa esta região e constitui como que a coluna vertebral de todo o Subsector. Entronca na estrada do café cerca de 1 quilómetro a ENE da ponte do Dange e é definida por ponte Luica – Mucondo – Quicunzo – Santa Eulália, dela saindo um ramal para fazenda Caiado, um ramal para fazenda Boa Vista – Daladiata – S. Paulo que prossegue indo-se ligar à Quixicanga – Cambamba, antiga picada Mucondo – Santa Eulália, um ramal para a fazenda Sande, picada Quicunzo – Quijoão – Missão ou Três Marias, picada principal Quicunzo – Tari – Muxaluando… . A picada ponte Luica – Santa Eulália com os 5 quilómetros asafaltados para cá da ponte Luica deixou de ter problemas com a rampa muito íngreme e extensa existente mas em outras regiões na época das chuvas, o seu piso torna-se muito mau, especialmente na região da Cova das Pacaças e no troço entre o Mucondo e a fazenda Bombo. Todos os outros ramais indicados estão transitáveis, se bem que com algumas dificuldades devido às chuvas, à excepção da antiga picada Mucondo – Santa Eulália, que não está aberta. A abertura desta antiga picada terá sem dúvida interesse mas taticamente há grandes vantagens em que se proceda quanto possível à reabertura da antiga picada Mucondo – Roça Luís Filipe – Serração, da antiga picada de Quimbage e ainda de uma outra que da fazenda Caiado se dirige ao rio Luica e liga-la à fazenda S. Paulo. Há ainda várias picadas de tonga de muito interesse para o lançamento de Forças.
Região de Cambamba
O itinerário principal desta região é a picada Vista Alegre – Cambamba que só entra no Subsector ao atravessar o Luica, está em muito mau estado e tem um ponto – passagem sobre o Luica – quese for cortado não é contornável. A picada de Cambamba – Quixinga, onde deriva para S. Paulo ou Zemba, também tem troços em muito mau estado, já referidos. A picada Cambamba – Nossa Senhora de Fátima – Aldeia Viçosa que, além de ser de grande importância táctica é um itinerário de alternativa para o itinerário principal, está cortada em vários pontões, fáceis de reconstruir e na ponte sobre o Luica, que é fácil de por em condições. A picada que serve a fazenda Valparaíso está em boas condições. Há ainda a considerar antigas picadas que, além de serem referências, facilitam os deslocamentos apeados. Entre elas está a que da pista vai à Roça Simões de Almeida e que se for ligada à de Quixinga – Zemba virá a encurtar o percurso Cambamba – Zemba em 11 quilómetros.


(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo Histórico Militar – Lisboa)

(CONTINUA)

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