sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Almas Mutiladas

A propósito da última mensagem do Gonçalves, onde se fala da guerra e do esquecimento que nos querem impor, encontrei este soneto, num caderno de apontamentos, meio esquecido e ainda sem os retoques finais, que vos deixo aqui hoje, tal e qual como o encontrei.
Foi escrito, talvez, há mais de 20 anos e fala já do mesmo tema.

Almas Mutiladas

Sou esse que nos campos trabalhou!...
E sou o que passou dificuldades!...
Fui à guerra, de que não tenho saudades,
Pois foi ela que minh'alma mutilou!

Nenhum poeta, em versos, isso cantou,
Embora escrevam tantas verdades
Na sombra, oculta, das grandes cidades
Onde a nobre poesia se finou!

Não esqueceram a razão, certamente...
Que a alma mutilou a tanta gente!
Nem que outros pagaram com suas vidas!...

Então, caros poetas de Portugal
Cantem, em verso, a verdade natural
Das almas mutiladas, tão queridas!...

José Diogo Júnior

1 comentário:

  1. Caro camarada Júnior.
    Quem assim compõe poesia tão sentida e emocionante pode ter - como todos os que entraram na guerra, nesta ou noutras - a alma mutilada, mas de certeza que na poesia está sempre a renascer.
    Belo, sentido e emocionante poema!
    Gonçalves

    ResponderEliminar