quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A memória, felizmente, retém mais o que de bom ou engraçado se passou do que propriamente as coisas terríveis que nós no momento vivemos. É claro que a nossa guerra foi um cansaço, uma solidão, um tempo de apreensão, para não dizer de medo. Mas de tudo isso ficou, para mim, uma experiência absolutamente inesquecível que, talvez, tenha tido mais importância da minha formação pessoal do que muitas outras experiências que não identifico. Quando entrei em Mafra (com vinte e um anos!) era completamente diferente do que me tornei ao chegar a Lisboa, vindo de Angola, com vinte e quatro anos. E essa experiência intensa nunca mais teve, na minha vida profissional que se aproxima agora do fim, qualquer período que se lhe pudesse comparar em aprendizagem compactada, aprendizagem essa que me foi muito útil e pela qual, imaginem, estou agradecido.
Em duas ou três mensagens neste blog, em boa hora criado pelo António Gonçalves que pertenceu ao meu pelotão e que foi, com o Justino, uma figura absolutamente fundamental, vou escrever dois ou três episódios mais marcantes para a minha memória. Se eles correspondem ao que de facto se passou, não posso garantir; só posso dizer com o meu saudoso e querido amigo, José Aragão, do primeiro pelotão, no fim de uma história qualquer de guerra sempre muito apimentadas: – “não estás a acreditar, pá, mas juro-te que é verdade. Se calhar tu não estavas lá naquela altura”. Amanhã escrevo a primeira.

2 comentários:

  1. Eu estive lá por isso acredito.
    Ex Furriel Gomes

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  2. Ex Furriel Gomes?... Ná... não acredito... não pode ser...
    Então não era o ANGRC9?
    Ha! Ha!
    Eu também não era o Furriel Gonçalves... mas tão somente o mecanismo de activação da G3...
    Um abraço,
    António Gonçalves

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