sexta-feira, 16 de julho de 2010

SUS! A ELES!


Olá camaradas!
Sou o soldado Júnior, mais conhecido por ter sido um dos padeiros da nossa companhia.
Obrigado por esta iniciativa fantástica.
Neste meu primeiro contacto com o nosso blog, vou deixar-vos um pequeno poema que escrevi há uns anos atrás e relacionado com o dia 11 de Abril de 1970.
Este poema foi traduzido para castelhano e editado pelo Centro de Estudios Poeticos de Madrid na antologia Amor Eterno.
Espero que gostem e nao se sintam ofendidos.

No Cais

Afastava-se o navio do triste cais
Onde milhares de maes, em vao, choravam,
E onde angustiados tantos pais
Viam soldados partir... Entao rezavam.

Por seus bebés, seus meninos, tantos ais
Ali deixavam... Anjos ajoelhavam...
Onde os demónios de coisas tais
E "ferozes caes de guarda", vigiavam!

Afastava-se o navio contra a corrente
Das ideias de um povo consciente,
Mas eternamente enganado!...

Afastou-se o navio e por desgraca
Quando voltou ao cais daquela praca
Nao trouxe os heróis, do outro lado!...

José Diogo Júnior

4 comentários:

  1. Bravo, Júnior. Gostei imenso deste poema, senti o que sentiste ao escrevê-lo. É destas coisas singelas mas cheias de valor e de sentimento que penso todos necessitamos para se saber o que foi a guerra. Peço que divulgues o blogue pelos teus contactos para que possam também intervir.
    Um abraço,
    António Gonçalves

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  2. Olá Goncalves!
    Vou divulgar o nosso blog tanto quanto eu possa.
    Obrigado por teres gostado do poema, embora seja um homem a quem nao foi dado o acesso à educacao, gosto de escrever e vou continuar a fazê-lo, à minha medida,naturalmente.
    Um grande abraco
    Júnior

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  3. Gostei muito do poema, penso que todos nos revemos nele. Precisamos de mais poemas e de mais participantes.
    José Júnior, tu recebeste a educação mais importante que existe: a educação da vida que é só para quem a sabe aproveitar.
    Na nossa literatura existem grandes escritores e poetas que não foram à escola e alguns, como o Aleixo, até nem sabiam ler.
    Força e venham daí mais poemas.

    Ah, também te quero dizer que gostava muito do teu pão...Um pão bem feito também ajudava a minorar os tempos maus porque passámos.
    Pelo teu pão também aqui fica o meu agradecimento.
    Um abraço do José Tavares

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  4. Olá Tavares!
    É muito bom saber, mesmo tantos anos depois, que gostavas do pao que eu, e o Belo fazíamos.Acho que cumprimos, apenas, o nosso dever.
    Quanto ao poema, agradeco as tuas palavras, sao para mim muito encorajadoras.
    Obrigado e um grande abraco
    Júnior

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