quinta-feira, 8 de julho de 2010

PARA NÃO CAIRMOS NO ESQUECIMENTO...

A guerra não está devidamente contada.
O sofrimento, atenuado sempre que possível com a jovialidade própria dos vinte anos, as vidas ceifadas, outras estropiadas, todas interrompidas pela saudade, pelo espectro da morte, pela distância de terras desconhecidas, tão belas quanto traiçoeiras, tudo isso parece cada vez mais remetido ao silêncio.
Um silêncio por vezes interrompido por contos, reportagens, ou histórias que falam de muita coisa mas, salvo raríssimas excepções, esquecem o âmago da guerra, a tensão do combate, a saudade dos familiares, a solidão na imensidão do mato, a camaradagem necessária e essencial para ultrapassar as dificuldades. Histórias que não contam a sede, a fome, o frio, o calor, a noite (mal) dormida no lamaçal da chuva.
Parece que há quem, subtil mas objectivamente, queira fazer esquecer a guerra. Ou misturá-la numa salada de brócolos. Se calhar por não a ter sentido na pele. Ou se calhar por ter receio de a recordar. Mas o esquecimento não sara feridas.
A verdade é que a guerra existiu. Proporcionou momentos de horror, de medo, de sofrimento, mas também momentos de alegre convivência, de forte camaradagem, de salutar pândega nos (poucos) tempos livres.
Convidamos todos os que fizeram parte da Companhia de Cavalaria 2692 a ingressar na lista de colaboradores deste blogue, inscrevendo as suas opiniões, as suas recordações, as suas imagens. Este convite é extensivo aos familiares.
Camarada,
Divulga este blogue junto dos outros camaradas de armas, envia o teu endereço de correio electrónico para a caixa de correio ccav2692susaeles@gmail.com, serás integrado na lista de colaboradores e poderás a partir de então publicar, tu próprio, os textos ou imagens que queiras partilhar com todos.
Também poderás enviar para aquele endereço a tua opinião (e eventuais sugestões de alteração) sobre o estatuto editorial.
Para não cairmos no esquecimento...

1 comentário:

  1. Sim, a Guerra de Angola tem vindo a ser contada ao saber de interesses de política partidária. Trata-se de um modelo já muito antigo e experimentado, a História é recontada de acordo com os interesses do poder instituído.
    Tem sido assim com a guerra de Angola: existem indivíduos a quem têm sido dados meios e poder para contarem uma guerra que não viveram, numa história de enxertos e depoimentos de valor duvidoso, a seguir somos bombardeados com tais histórias até acabarmos por acreditar nelas.
    Isto desagrada aos que sofreram na pele os horrores da guerra, principalmente por verificarem que as suas memórias conflituam com o discurso oficial.
    As memórias valem o que valem, é sabido que a memória se distorce em função do tempo e da vida pessoal dos indivíduos mas no nosso caso existem muitos documentos, religiosamente guardados, que podem sustentar as nossas memórias. É o que se espera deste blogue: trazer para o tempo presente factos vividos nas matas e quartéis de Angola. Para isso contamos com a participação de todos. Citando o Gonçalves: "Para não cairmos no esquecimento".

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