BCAV 2909
HISTÓRIA DA
UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(02.0016)
SITUAÇÃO GERAL (continuação)
INIMIGO
CONCLUSÕES
POPULAÇÃO CIVIL
Aspecto humano
- População
A população existente na ZA resume-se ao núcleo já indicado quando
se tratou das povoações.
- Grupos étnicos
Europeus: A
população branca está reduzida aos comerciantes e funcionários das Fazendas de
café já recuperadas.
Africanos: Neste
momento apenas existem populações apresentadas em Cambamba (cerca de 900 indivíduos)
e em Zemba (12 indivíduos).
Pode-se afirmar que de uma maneira geral a área do
Sub-sector ZBA é ocupada por Luangos e Bahungos.
LUANGOS
Gozavam de fama de activos, trabalhadores e inteligentes.
Entre eles não existia a escravidão, embora empregassem nos campos escravos
Bahungos que compravam. Entre eles existiam excelentes carpinteiros. Os
cadáveres dos chefes indígenas não desciam à tumba logo após a morte. Os ritos
funerários demoravam por vezes alguns anos. O corpo era fumigado e envolvido em
numerosos panos cujo volume era indicativo da estima do povo e da categoria do
chefe.
Após ter sido mumificado, o cadáver era exposto em praça
pública.
BAHUNGOS
Desconhece-se de onde vieram os Bahungos. Aliaram-se por
diversas vezes aos portugueses para lutar contra outras tribos.
Resistiram sempre à pressão dos Baxicongos, que os
pretendiam escorraçar para sul.
São bem constituídos, corajosos, coléricos e impulsivos.
Têm os olhos ovais, cabelos pretos e encarapinhados.
A base da alimentação é vegetal, constituída pelo “quipati”,
feito de farinha de mandioca e de milho, acompanhada algumas vezes de carne.
Cultivam a mandioca, milho, feijão e “ginguba”.
Pescam e caçam. Estes povos foram geralmente tidos como
muito atrasados em relação aos grupos étnicos vizinhos.
Consta que praticavam a antropofagia, principalmente entre
os feiticeiros.
- Modos de vida
A não ser a população apresentada que vive em Cambamba e
trabalha nas suas “tongas” e lavras, e os elementos que vivem em Zemba e
trabalhadores das fazendas, a restante vive na ilegalidade sem contacto com
qualquer autoridade constituída, não tendo modos de vida definidos.
Antes dos acontecimentos de 1961, notava-se a tendência de
movimento populacional do campo para a acidade.
Nas populações apresentadas o regime sucessório de todos os
chefes indígenas é de natureza matriarcal: o sobrinho sucedia ao tio. Cada
sanzala tem um chefe “sobeta”. Duas ou mais sanzalas constituem um povo
subordinado a um “soba”.
Acima dos “sobas” há os “regedores”, os quais, juntamente
com os “sobas” e “sobetas”, constituem o elo de ligação entre a massa nativa e
as autoridades administrativas. A estas autoridades gentílicas compete
resolverem as questões surgidas na vida quotidiana, consultando por vezes o
conselho dos velhos.
- Línguas e dialectos
Os nativos apresentados e os capturados falam o “kimbundo”.
Sabe-se no entanto que a maioria dos nativos refugiados nas matas fala “português”
aprendido no contacto com os brancos antes dos acontecimentos de 1961. Sabe-se
mais que as escolas que funcionam nas matas são em “português”.
- Religiões, crenças e seitas
Duma maneira geral todo o nativo é tradicionalmente
religioso e crente.
Antes dos acontecimentos de 1961 quase toda a população
professava mais ou menos a religião católica ou protestante conforme a religião
das Missões que ficavam mais perto dos locais em que vivia.
Deste facto resultou a existência de uma maior percentagem
de indivíduos que seguiam a religião protestante, percentagem que ainda hoje se
mantém entre as populações que vivem nas matas.
O IN dá muita importância às práticas religiosas, delas se
servindo como arma de acção psicológica junto das populações que domina ou
apoia, com vista a que estas suportem com resignação a situação miserável em
que vivem e mantenham vivo o fogo sagrado de uma hipotética independência.
(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo
Histórico Militar – Lisboa)
CONTINUA)
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