BCAV 2909
HISTÓRIA DA
UNIDADE
(CONTINUAÇÃO)
(02.0015)
SITUAÇÃO GERAL (continuação)
INIMIGO
CONCLUSÕES
POPULAÇÃO CIVIL
Aspecto histórico
O povoamento das regiões dos rios Luica e Suége fez-se por
migração natural a partir da região dos Dembos.
Os povos dos Dembos, dada a sua maneira de ser, orgulhosa e
rebelde, foram sempre avessos à aceitação da autoridade portuguesa, resultando
daí que a fixação dos colonos brancos nesta região fosse tardia e bastante
difícil. Esta tradicional rebeldia originou várias acções militares com vista à
pacificação dos Dembos.
Em 1872 rebenta a grande revolta dos Dembos na qual só os
Dembos de Nambuangongo e Ambuila não tomaram parte. O Dembo de Caenda,
secundado pelos de Canzuangongo e N’Gombe Amuquiama, nosso aliado durante sete
anos, foi a alma da rebelião, e desde então até à pacificação em 1918 foi
sempre o mais indómito de todos.
Esta revolta foi motivada por abusos cometidos pelos brancos
na cobrança do imposto. O europeu Augusto Archer da Silva, proprietário de uma
roça, foi massacrado com a família. Para punir os rebeldes inicia-se então a
primeira grande campanha dos Dembos. O Governador Ponte da Horta envia uma
coluna composta de 40 praças de primeira linha e 200 de segunda linha. Após os
primeiros embates com os indígenas verificou-se serem necessários reforços de
Luanda para se prosseguir na luta.
Passados cinco meses do início da campanha os rebeldes são
finalmente submetidos por forças já bastante superiores: 16 oficiais, 600
praças, e 2 peças de artilharia.
Porém a rendição foi condicional. O Governador deveria
expulsar 3 brancos da região a quem os indígenas se referiam nestes termos:
“Homens estes que vivem aqui só para extorquir quanto podem,
aos povos”.
A segunda campanha dos Dembos inicia-se em 1907 sob comando
de João de Almeida que, actuando só ao sul do rio Dange, conseguiu submeter e
pacificar a região em Novembro de 1907.
Embora a acção de João de Almeida se tivesse dado a sul do
rio Dange, o efeito dos seus resultados estendeu-se às regiões vizinhas criando
condições que permitiram a fixação de brancos tanto no comércio como em
exploração agrícola e mineira.
Apesar destas acções a pacificação dos negros continuava
ainda longe. O chefe da missão dos Dembos, Padre Miranda de Magalhães,
escrevia, em 1917, para a Metrópole: “Os Dembos continuam na mesma, quer dizer,
na sua tradicional insubmissão”. Só em 1918 o capitão Eugénio Ribeiro de
Almeida, com 99 soldados indígenas (Cuamatos e Landins) e 100 carregadores,
invade as terras de Canzuangongo, alcançando de surpresa o Muando, semeando o
terror por onde quer que passasse. Cuamatos e Landins arrasaram ferozmente as
terras dos Dembos. Estes, cansados de lutar, dizimados e enfraquecidos pela
doença do sono, foram submetidos um a um.
Os Dembos podiam-se considerar finalmente pacificados, tendo
Ribeiro de Almeida sido considerado “o dominador dos Dembos”.
Embora submetidos, o espírito rebelde manteve-se latente
nestes povos que aderiram, desde a primeira hora, à subversão e terrorismo que,
em 1961, ensanguentou o norte de Angola.
(Extraído do relatório do Comandante Duarte Silva, depositado no Arquivo
Histórico Militar – Lisboa)
CONTINUA)
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